Campeão da última edição da Eurocopa com a Seleção da Itália, Emerson Palmieri passa férias em Santos, no litoral de SP, onde acompanha de longe a campanha da Azzurra no principal torneio de seleções da Europa – disputado na Alemanha.
O lateral-esquerdo ítalo brasileiro, que ficou fora da lista do técnico Luciano Spalletti para a edição deste ano, acredita que a ausência dos italianos nas duas últimas Copas do Mundo – Rússia em 2018 e no Catar em 2022 – contribuiu para uma grande reformulação na seleção italiana.
– Infelizmente foi o segundo mundial consecutivo que a Itália não se classificou. Pesa bastante, falando até a questão de responsabilidade. Acaba tendo que ter renovação de ciclo – revela o jogador, que estava em campo na derrota por 1 a 0 para a Macedônia do Norte pela Repescagem da última eliminatória Europeia, há dois anos.
Apesar do insucesso nas Eliminatórias para os últimos dois mundiais, o lateral tinha esperança de compor o elenco da Euro deste ano após uma temporada regular pelo West Ham, da Inglaterra.
– Foi difícil. E eu aceitei de primeiro momento, porque a gente também tem que ser realista com a situação. E obviamente você tem que dar oportunidade para outros jogadores poderem mostrar o futebol deles. Pude ter um grande destaque (na temporada 2022/2023). Então fiquei sim na esperança de ter uma oportunidade. Infelizmente não veio. Era um dos meus objetivos pessoais, mas estou na torcida pela Itália pra ganhar essa Eurocopa – lamenta.
Dez anos na Europa
Em agosto de 2014, o Santos – clube que revelou o jogador para o futebol mundial – assinou um contrato de empréstimo do lateral com o Palermo, da Itália. Emerson admite que não foi fácil se virar na Europa sem saber o idioma.
– Eu estava completando 20 anos e cheguei em um País com outra cultura. No Palermo não tinha nenhum jogador brasileiro, então (foi difícil) até pelo idioma. Tinha apenas um jogador português, que depois acabou virando amigo.
O carinho do povo italiano, principalmente dos torcedores, foi marcante. O clima, com temperaturas mais quentes, também ajudou na adaptação. Ainda na Itália, o lateral vestiu a camisa da Roma. Depois, teve uma passagem vitoriosa pelo Chelsea, da Inglaterra, com a conquista da Liga dos Campeões da Europa. Na França, defendeu o Lyon e mais uma vez “sofreu” com o idioma.
– Joguei um ano e não consegui aprender realmente o francês. Tive dificuldade.
O ítalo brasileiro está prestes a iniciar a terceira temporada pelo West Ham, mas ainda não se acostumou com o frio da Inglaterra.
– Às vezes te coloca para baixo. Você vê o verão em todos os lugares da Europa e só lá (em Londres) continua fazendo frio. É muito vento.
Seleção Brasileira
A decisão de se naturalizar italiano para defender uma Seleção não foi planejada. Emerson chegou a defende seleções sub-15 e sub-17 do Brasil.
– Saí muito jovem do País (com 19 anos) e comecei a construir minha carreira profissional na Itália. Comecei muito bem na Roma e tinha a possibilidade de poder tirar a cidadania italiana. De primeiro momento era para ajudar o clube (com o número limite de estrangeiros) e para minha carreira ia ser bom, porque eu não era mais um estrangeiro na Europa.
Com três anos de Itália, o jogador tinha apoio da mídia, dos torcedores e do próprio treinador da Seleção na época.
– De primeiro momento esperei a seleção brasileira, pois era meu sonho. Esperei até seis meses para dar uma resposta (para a Seleção Italiana), mas ninguém (do Brasil) falou comigo ou demonstrou interesse. A nossa carreira é curta. Esperei o contato, mas não veio. E está tudo bem. Não tenho nenhuma mágoa. E acredito que fiz a escolha certa para minha carreira.
A primeira vez que jogou pela Itália foi em 2018. O que pouca gente sabe é que um ano antes de vestir a camisa da Azzurra, Emerson sofreu uma lesão que quase interrompeu o sonho de representar um País.
– Eu estava no meu melhor momento e sofri uma lesão muito séria no joelho. Rompi todos os ligamentos.
Ele chegou a ser chamado, mas ainda tinha uma partida pela Roma dois dias depois.
– Domingo eu ia sair do jogo e me apresentar na Seleção. Fui com tudo preparado, expectativa da família. Mas tinha um jogo antes e tive a lesão.
Foram seis meses de recuperação após a cirurgia, e ele chegou a pensar que não iria mais voltar aos gramados em alto nível.
– Foi o que mais me marcou. Me deu medo de talvez não voltar a jogar do jeito que eu jogo. E de não voltar à Seleção, mas graças a Deus voltei no mesmo nível”.
Quem é melhor: Hazard ou Neymar?
Aos 17 anos, Emerson estava na base do Santos, mas já atuava pelo Sub-20 e treinava com o elenco profissional. Na época, Neymar jogava no Alvinegro.
– Pude jogar alguns jogos e treinar com ele. Naquela época tinham muitos jogadores de alto nível, como o Danilo e o Alex Sandro. Mas obviamente o Neymar e o Ganso destoavam, tinham uma qualidade incrível. Fui abençoado.
Apesar de ter visto de perto as habilidades do atual atacante do Al-Hilal, foi um belga que mais chamou a atenção do lateral.
– Joguei com um jogador no Chelsea que eu tiro o chapéu – o (Eden) Hazard, que para mim foi extraordinário. Hoje se aposentou, até jovem, eu acho. Foi o melhor com quem joguei – conclui.
Fonte: Globo.com